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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Comunismo - Uma experiência macabra do século XX - uma análise Espírita - por Roberto Rufo



“Comunismo é uma religião igualzinha às outras. Pra quem acredita, não precisa explicação. Pra quem não acredita, não adianta explicação“ Millôr Fernandes 
“ Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas“ Lênin


Daqui há dois anos, ou seja, em 2017, mais especificamente em outubro fará 100 anos da instalação do primeiro regime comunista baseado na doutrina do pensador alemão Karl Marx. Na Rússia de Lênin e seus partidários bolcheviques foi estabelecida a famigerada “ditadura do proletariado“. Na verdade foi o primeiro sistema econômico a desafiar o capitalismo. A tal ditadura citada foi implementada a custo de milhões de vítimas entre seus opositores. Esse regime sucedia a outro regime muito corrupto e despótico dominado pelos czares. Stalin, que sucedeu a Lênin, não mediu esforços para exportar a ideologia mundo afora, chegando num determinado momento do século XX a contaminar um terço do planeta.    
      
O seu ideal de igualdade, temos que admitir, era apaixonante, a tal ponto que um grande número de intelectuais da época se entregaram de corpo e alma em sua defesa. Sempre digo que o problema dos intelectuais não é no atacado, onde geralmente são muito úteis; trata-se do varejo, onde tomam posições muitas vezes delirantes. Martin Heidegger, Céline, Ezra Pound, Le Corbisier abraçaram o fascismo e ou o nazismo com muita satisfação. Até mesmo um intelectual do porte de Noam Chomsky, que admiro pelas críticas pertinentes que faz ao comportamento indecente dos EUA em suas guerras estúpidas, não se sentiu nem um pouco constrangido em elogiar o regime do Kmer Vermelho no Camboja. Hoje alega não ter conhecimento prévio do número de assassinatos cometidos pelo ditador Pol Pot. Não acredito nessa desculpa insustentável,  pois repito, os intelectuais no varejo costumam ser um grande desastre.

Quanto ao Manifesto Comunista de 1848,  Allan Kardec, nos poucos comentários que fez sobre o assunto,   enxergou nele o perigo do coletivismo ante a necessidade da evolução espiritual de cada espírito em particular.   O ideal socialista não estava preocupado com esse assunto, pois se preconizava ateu. Fosse o Espiritismo uma doutrina consolidada plenamente em 1917 quando eclode a revolução comunista na Rússia, teria necessariamente que se opor ao controle absoluto de todos os aspectos da vida individual e coletiva pelo Estado. O livre-arbítrio estaria correndo riscos, como acabou se comprovando com a sustentação pela força dos regimes do Leste Europeu. Essa ideologia se espalhou pela China com Mao Tsé-Tung instaurando um regime sustentado por um grande terror político.



 Foto de Roberto Rufo no XIX SBPE em Santos - SP

Tive um colega pertencente ao PCdoB, que ao contra argumentar os números por mim apresentados de vítimas da coletivização forçada na União Soviética (cerca de 20 milhões de pessoas), dizia serem “apenas“  4 milhões, ou seja, julgava ele ser este um número aceitável de vítimas. É risível.  Convivi muitos anos com um tio comunista, irmão do meu pai, que colocado diante de qualquer argumento do gênero, se saía com aquela famosa frase que não serve pra nada: “o seu discurso é de pequeno burguês“. Sabe-se lá o que quer dizer isso.

Ou quando o pensador Luckácz apresentado ao existencialismo de Albert Camus afirmou: “essa corrente filosófica está a serviço da ideologia capitalista“. Eles se julgavam os donos do modus operandi da  história. Eu sempre considerei um grande embuste que exista uma razão histórica, ou um determinismo espiritual que fará com que as coisas aconteçam independentes da nossa vontade.
Vejo hoje que existiram na história da humanidade dois grandes sonhadores em se tratando de como deva ser o comportamento ideal das pessoas numa sociedade. São eles Jesus e Karl Marx. O problema maior não são os sonhadores e sim seus discípulos e seguidores, que não são sonhadores. Como diz um personagem do último livro de Amós Oz – Judas - os discípulos e seguidores são ávidos de poder e autoridade. Que o digam os que quiseram implantar o cristianismo à força e os cúmplices que julgavam ser o comunismo uma doutrina científica infalível. Os discípulos e seguidores se transformaram em derramadores de sangue.

Uns diziam falar em nome de Deus. E quem é que pode ser contra Deus? Outros diziam falar em nome do povo. E quem é que pode ser contra o povo? O Espiritismo apresenta uma serenidade no trato das coisas humanas muito peculiar e profundamente humanista, o que o diferencia sobremaneira de qualquer corrente ideológica onde o ser humano é desprezível diante de um futuro radiante no paraíso ou para a coletividade.

Concluo que hoje, como regime político, a ideologia comunista é um defunto a ser enterrado pela história. Ou numa frase bem humorada do meu guru Millôr Fernandes: “a diferença entre o capitalismo selvagem e o comunismo, é que um é a exploração do homem pelo homem e o outro é o contrário“.

NR - Publicado originalmente no Jornal Abertura de Setembro de 2015
                                                                                                                                                                    


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Mulheres - Os números são alarmantes - por Roberto Rufo

“É muito difícil para uma mulher que vive uma situação violenta denunciar” ( ONG Casa del Encuentro – Argentina ) “Deus deu ao homem e à mulher a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir” ( Livro dos Espíritos – Pergunta 817 ) 

  
   A manchete do jornal “A Tribuna” de Santos, por si só já espelha a tragédia vivida pelas mulheres em nosso continente:

“Feminicídio em alta causa dor e envergonha a América Latina”. E aí aparecem os números estarrecedores de mortes das mulheres latino-americanas: uma morte a cada 31 horas na Argentina; 15 por dia no Brasil e quase 2 mil por ano no México. Foram criadas leis para evitá-las, mas o número de crimes de gênero continua alto.

O interessante nisso tudo, para não dizer lamentável, é que em sua maioria são crimes cometidos por homens jovens ou de meia idade, que são de uma geração participante da liberação sexual e dos costumes. No entanto, continuam a ver nas mulheres uma propriedade sua. Aliado ao fato de que as mulheres adquiriram, e isso é muito bom, o direito de dizer não quando algo lhe desagrada na relação, indo até mesmo à separação, se julgar necessário . No passado, as mulheres da geração da minha mãe, por exemplo, não tinham essa ousadia de se afirmar como seres pensantes e participativos. Aí reside o problema e a desgraça para muitas mulheres.

Os senhores do sexo masculino não assimilaram a batalha cultural que as mulheres tiveram que lutar para se afirmarem como seres humanos  plenos. Quando elas manifestam sua independência, muitos não aceitam por se julgarem donos dessa mulheres. A deputada Gabriela Alegre, da cidade de Buenos Aires, diz que esse problema não se resolve apenas com a legislação e a penalização, mas é preciso, segundo ela, enfrentar uma mudança cultural e apontar para a educação.

Allan Kardec, na pergunta 818 do Livro dos Espíritos, indaga de onde se origina a inferioridade moral das mulheres em certos países? A resposta pode ser estendida à violência contra as mulheres: “do império injusto e cruel que o homem tomou sobre ela. É um resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza . Entre os homens pouco avançados, do ponto de vista moral, a força faz o direito”. Percebam que os espíritos falam “do ponto de vista moral”, pois entre os agressores há muitos com educação superior.

Maria Eugenia Lanzetti, 44 anos, professora de jardim de infância na província de Córdoba, era separada de um marido obsessivo, contra quem pesava uma ordem judicial de afastamento. Maria chegou a instalar um botão antipânico em seu celular. Infelizmente essas medidas não foram suficientes para evitar o pior. Na manhã de 15 de abril passado, o ex-marido entrou na sala de aula e cortou o pescoço dela na frente das crianças. O ódio era seu habitat cotidiano. Por isso sempre coloquei em dúvida uma afirmação rotineira nos meios espíritas, de que por não ter sexo, o espírito reencarna senão simultaneamente, mas algumas vezes como homem ou mulher.

Fosse assim, aqueles espíritos, como o ex-marido citado, ao passar por algumas encarnações no sexo feminino, já teriam adquirido alguma sensibilidade quanto aos desejos e anseios femininos.   
Conversa fiada, ele sempre reencarnou no sexo masculino e traz seus impulsos machistas há várias encarnações.  A erraticidade não lhe tem sido de grande valia.

Por isso, andou muito bem a Presidente Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil, ao promulgar uma lei que inclui o feminicídio no Código Penal. E enfatizou que a violência de gênero “acontece em todas as classes sociais”. Kardec tinha muito apreço na modernização das legislações, que segundo ele acabariam levando a uma mudança de comportamento. Em parte isso é muito verdadeiro, pois uma boa legislação devidamente aplicada tem o poder de induzir comportamentos.
Todavia, a mudança cultural é mais lenta e tão importante, até mesmo na Doutrina Espírita, quando diz que a mulher tem igualdade de direitos e não de funções. Isso não é mais válido, pois muitas mulheres são agredidas, por reclamarem justamente por igualdade de funções.   


quarta-feira, 20 de maio de 2015

A importância dos eventos livres pensadores por Alexandre Cardia Machado


Ainda retumba em nossa mente as interessantes palestras do 10° Fórum do Livre Pensar da CEPA – Baixada Santista, realizado em abril de 2015. Sempre um momento de reflexão sobre um determinado tema central, explorado sobre diversos ângulos. Nesta oportunidade foi o debate à respeito da intolerância.

No fim deste mês de maio, novamente outro grupo de espíritas laicos estarão juntos no Espírito Santo, no VII Fórum do Livre-pensar Espírita, sem adjetivo pois trata-se de evento nacional já realizado em várias cidades brasileiras, organizado pela CEPA-Brasil. Mais no fim do ano, de 29 de outubro a 1° de novembro, realizaremos a 14ª  edição do tradicional Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita - SBPE.

Alguns podem pensar, todos estes eventos não competem entre eles mesmos? A resposta pode ser, tanto sim como não, pois claro há uma influência ou interferência entre eles. Mas também amplia a oportunidade de divulgação do evento seguinte, mas sobretudo temos mais gente expondo, mais gente ouvindo e com isto as ideias renovadoras vão se multiplicando.

Os Fóruns são mais leves, não existe a obrigatoriedade de apresentação de um trabalho escrito, já o Simpósio, assim como nos Congressos da CEPA, existe um maior rigor com respeito à produção dos trabalhos.

Mas todos eles tem seu papél importantíssimo na consolidação e expansão do pensamento livre-pensador espírita.

O SBPE tem como maior legado a produção escrita de 196 trabalhos, nas 13 edições já realizadas, ultrapassaremos a barreira de 200 trabalhos este ano. Muitos trabalhos apresentados, defendidos e comentados pelos participantes, levaram seus autores a aperfeiçoá-los gerando muitos livros já publicados.


Assim que o melhor conselho é participe o máximo que possas, pois sempre há muito que discutir e consequentemente contribuir para o nosso aprimoramento, crescimento cultural e espiritual. Eles fazem bem ao cérebro, ao coração pois, permitem encontrar amigos queridos e, claro ao espírito.

Inscreva-se pelo email ickardecista1@terra.com.br no XIV SBPE

segunda-feira, 16 de março de 2015

XIV SBPE - Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita realização ICKS





30 de outubro  a 1° de novembro de 2015.

Santos – SP

ICKS – Instituto Cultural Kardecista de Santos



Realizou-se em Santos, na antiga sede do ICKS, hoje colégio Angelus Domus, na avenida Francisco Glicério, 261, Gonzaga – antiga sede do ICKS.

Veja as fotos do evento no seguinte link: Fotos do XIX SBPE




Programa do Simpósio - as inscrições estão encerradas:












quinta-feira, 10 de julho de 2014

AUTO-CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA - Jaci Régis

A questão do autoconhecimento para o desenvolvimento da evolução consciente, proposta no Congresso da CEPA de Porto Alegre em 2000 é muito interessante e nos faz pensar diante de uma proposta tão globalizadora.

Em torno do tema, faço algumas reflexões que coloco à disposição dos que se interessarem por elas.




Introdução

Podemos definir a evolução consciente como a deliberação espontânea da pessoa em explorar suas potencialidades para determinar o ritmo de seu crescimento espiritual.

Já o autoconhecimento, que seria a base dessa evolução consciente, demanda uma auto-análise capaz de detectar as falhas mais evidentes no seu caráter e que se tornam impecilhos à consecução de seu projeto.

Segundo a Teoria Espírita da Evolução, o princípio espiritual evoluiu em segmentos mais elementares da vida antes de alcançar o nível hominal. Quando atinge esse nível hominal, tornando-se um Espírito, desenvolve sua auto consciência, que é a percepção de si mesmo como um ser distinto do ambiente. Entretanto, só se identifica como humano, só ganha uma identidade pessoal, na medida em que percebe a existência do outro. O outro é que nos identifica, nos torna humano.

Para o filósofo Hegel, a consciência só se transforma em auto consciência quando o ser desenvolve o desejo, como força propulsora do Humano, isso quando reconhece o desejo do outro.

“O que nos interessa para a explicação do desejo em Hegel é a passagem da Consciência (Bewusstsein) para a Autoconsciência (Selbstbewusstsein) passagem essa que é feita pelo Desejo (Begierde). Assim sendo para que o Desejo se torne humano e para que constitua um Eu humano, ele só pode ter por objeto um outro Desejo” (trecho de Freud e o Inconsciente de Alfredo Garcia-Roza, Zahar Editores, 1984, Rio de Janeiro).

Assim, a autoconsciência é um passo definitivo na identificação e consolidação do ser como ser humano, ou talvez mais precisamente, essa autoconsciência torna o principio espiritual num ser humano.

É o que nos ensina O Livro dos Espíritos.

190. Qual o estado da alma em sua primeira encarnação?

- O estado de infância na vida corpórea. Sua inteligência apenas desabrocha: ela ensaia para a vida.

191. As almas dos nossos selvagens estão no estado de infância?

- Infância relativa, pois são almas já desenvolvidas, dotadas de paixão.

191a. As paixões, então, indicam desenvolvimento?

- Desenvolvimento sim, mas não perfeição. São um sinal de atividade e de consciência própria, enquanto na alma primitiva a inteligência e a vida estão em estão em estado de germes.

Comentando a questão Allan Kardec diz: “as paixões são alavancas que decuplicam as forças do Espírito e o ajudam a cumprir os desígnios da Providência”

As paixões são a base da vida, como o é o desejo e tirá-los da alma é deixá-la vazia, atônita. Viver sem paixão é ser uma espécie de legume. Saber usar a força da paixão é o caminho correto na busca da espiritualização. Aceitar o desejo e transforma-lo em alavanca de realizações úteis e produtivas é sinal de inteligência e aproveitamento das energias do coração.

Na seqüência evolutiva, a paixão inaugura no ser o nível afetivo no conflito do Desejo com o Desejo do outro.





O Inconsciente Espírita



A possibilidade do ser autoconhecer-se, no seu sentido mais agudo, é bastante problemática.

A nível de consciência, nosso horizonte de autoconhecimento, é muito limitado, uma vez que nesse nível, a percepção pessoal é extremamente influenciada pelo princípio de autodefesa e pelos valores correntes, advindo da própria estrutura do ser, como das circunstâncias vivenciais do meio ambiente.

Desde que Freud constatou que a pessoa possui duas instâncias afetivas, o consciente e o inconsciente, verificamos que uma parte de nossa personalidade está oculta da consciência.

Ou seja, a totalidade dos sentimentos, medos, culpas e outros fatores que compõem a personalidade permanecem inacessíveis ao consciente, no jogo das realidades interiores e as expressões exteriores na vida da pessoa.

Reflito, todavia, nesse inconsciente dentro da Teoria Espírita da Evolução e os segmentos reencarnatórios que a compõe.

O ser espiritual constitui uma individualidade permanente, imortal e progressiva. Ele estrutura uma mente onde se localizam os conteúdos das experiências afetivo-racionais de sua vivência nos constantes processos reencarnatórios.

O processo evolutivo da individualidade espiritual é elaborado em cada segmento encarnatório, resultando uma penosa relação de aprendizado que se sedimenta como base de seu caráter. Considerando ainda que há a possibilidade de mudança de sexo em encarnações sequenciais, com todas as consequências dessa mutação orgânico-mental-afetiva, compreendemos que tudo isso compõe um quadro de difícil definição.

Em cada encarnação, essa individualidade se exterioriza no mundo corpóreo, atendendo os fatores hereditários e recebendo as pressões ambientais em que se localiza, criando uma personalidade apropriada para o momento vivencial que experiencia.

Entretanto, sua estrutura mental não se apresenta totalmente na consciência. Certos fatores de ordem afetiva na estrutura mental da individualidade, muitas vezes são negados na personalidade consciente.

Poderíamos pensar num inconsciente espírita para designar com propriedade o repertório mento-afetivo resultante das experiências significativas do Espírito em sua estrutura mental permanente. Aí seria o lugar onde se fixam os traços mnêmicos, com imagens e sensações correspondentes, residuais, da sua vivência. Essas vivências serão a base e se projetam na personalidade de cada encarnação como idéias inatas, tendências genéticas para alguns, personalidades complexas e sentimentos confusos.

Daí, na minha visão, ser difícil realizar um completo autoconhecimento, porque a construção da individualidade é realizada num processo helicoidal, na repetição de experiências, na fragmentação de sentimentos e composição de grades de insegurança, medo, autodefesas virulentas e patológicas que criam uma personalidade típica. Por isso a personalidade existencial é elástica ou rígida, às vezes pouco delineada, difusa. Essa a razão por na Psicologia existem muitas Teorias da Personalidade segundo as premissas de seus autores.

Em resumo, cada pessoa é uma individualidade espiritual definida em sua essência, mas complexa e inacabada em sua estrutura. E que se exprime na vida corpórea por uma personalidade que apresenta lacunas, retratando as complexidades do Espírito como unidade intelecto-afetiva, em processo de crescimento.



NR – Artigo original foi apresentado por Jaci Régis no XVIII Congresso Espírita Pana-americano, em 2000 na cidade de Porto Alegre. O trabalho integral pode ser acessado pelo site da CEPA - http://www.cepainfo.org/

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

3 anos sem Jaci Régis


Hoje, 13 de dezembro faz 3 anos da desencarnação de Jaci Régis. Jaci como o chamávamos em nosso grupo do ICKS foi o idealizador e fundador do Instituto Cultural kardecista de Santos e seu Presidente, desde a fundação em 3 de outubro de 1999.
Jaci Régis escritor, psicólogo, economista e jornalista, foi presidente da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, do Centro Espírita Allan Kardec  ambos de Santos. Escritor de diversos livros e  um grande pensador que deixa uma vasta obra para as futuras gerações.
Para saber mais de Jaci Régis, veja sua biografia, aqui mesmo no nosso blog.

Deixe suas lembranças desta grande personalidade em forma de comentários neste blog.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A Liberdade de Ser e Escolher - Jaci Régis publicado no Jornal Abertura - novembro de 2013


Talvez o que caracterize as aspirações das pessoas de nossos dias seja encontrar a sua identidade.

O que somos, porque vivemos, para onde vamos?

Essa questão tem sido colocada há milênios, sem uma resposta satisfatória. Apenas que tudo são “insondáveis desígnios de Deus”, aos quais ninguém tem o direito de  questionar.

Foi estruturado um modelo de vida, a partir de uma suposta rebeldia da criatura com Deus, o pecado original. Indignado Deus teria determinado que as consequências desse pecado se transmitisse para toda a espécie humana, em todas as gerações. Tudo foi fechado no pressuposto da vontade de Deus. Porta vozes dessa pretensa vontade, as crenças estabeleceram regras, ordenações, que se  sobrepuseram às virtudes naturais.

Pecador nato, réprobo, o ser humano, não tem direito à liberdade de escolha. A vida, o corpo, o ar, a terra, a chuva, o sol, a morte, seu casamento, seus filhos, eram propriedade divina. Sua única esperança é o futuro, além da morte, caso aceite sem reclamação todas as dores e humilhações, se castre e renuncie a si mesmo. O modelo humilha a pessoa, não considera seus sentimentos, nem sua estrutura de ser.

Durante muitos séculos tal modelo não foi contestado. Veio, porém, a ruptura e chegamos ao século vinte, onde a ciência, desligada desse modelo, avançou rapidamente, penetrando no que se chamava “desígnios de Deus”.

As transformações se sucederam e a autoridade das religiões, criadoras e guardiãs do modelo, caiu ao ponto da sociedade rebelar-se contra a atuação desse Deus que as crenças sustentam.
 
Jaci Régis

 

E O ESPIRITISMO?

 

O Espiritismo afirma ter resolvido a equação: quem somos, de onde viemos e para onde vamos?

Em tese é verdade, dentro do seguinte enunciado: “Somos Espíritos imortais, criados simples e ignorantes e estamos no processo de crescimento evolutivo, em segmentos reencarnatórios”. Ele também apresenta uma nova visão da humanidade como um conjunto de Espíritos, ora encarnados, ora desencarnados.  Esse novo modo de entender as reações e interações físico-mentais, introduzirá uma forma mais ampla de avaliar o objetivo da vida e do projeto individual de cada um.

Na prática, contudo, esse enunciado sucumbe pela utilização de linguagem e conceitos muito parecidos com o modelo das igrejas.

Kardec aceitou, na elaboração de O Livro dos Espíritos, a utilização pelos Espíritos de uma linguagem que mantém, em parte, a falsa relação entre Deus e a criatura, constantemente ressaltada nos textos bíblicos. Felizmente podemos analisar suas ideias no contexto atual, em relação ao contexto em que as escreveu.

Ali encontrarmos expressões como Deus não permite. Como ousais pedir a Deus conta dos seus atos? Pensais poder penetrar os seus desígnios? Os únicos sofrimentos que elevam são os naturais porque vêm de Deus. Deus castiga a humanidade com flagelos destruidores, para fazê-la avançar mais depressa.  As classes que chamais sofredoras são mais numerosas porque a terra é um lugar de expiação.

944 – O homem tem o direito de dispor da própria vida?

Não. Somente Deus tem esse direito.

953.a – Concebe-se que, em circunstâncias, seja o suicídio repreensível, mas figuremos o caso em que a morte é inevitável e em que a vida só á abreviada por alguns instantes.

-É sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade de Deus.

Outro ponto básico da doutrina espírita é o livre arbítrio. Sem ele o ser seria uma máquina, é textual. O livre arbítrio, contudo, tem sido mais usado como explicação para os fracassos e justificar as dores, numa aplicação direta da Pena de Talião. E não como pedra angular do edifício da vida universal, no pleno exercício da liberdade de construir seu próprio destino. A liberdade  é vista, sob certa forma, como problema,  dada as consequências dos atos, gerando culpa e castigo.

Que dizer então da pretensa supremacia dos Espíritos sobre os encarnados?
 Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem”  diz O Livro dos Espíritos, anulando a teoria do livre arbítrio.

A elaboração das ideias pelos gênios e pessoas inteligentes, “somente algumas proveriam deles próprios. Pois frequentemente são apenas interpretes do pensamento de Espíritos, estes sim, sábios e superiores”.

Mantido esse entendimento é difícil tornar aceitas as teses espíritas.

 

UM NOVO PERFIL

 

É necessário modelar um novo perfil para a pessoa humana e para a sociedade.

Agora as pessoas pretendem ter liberdade de escolher o próprio destino, sem o tacão de Deus.

São legítimas essas pretensões? Afinal o que se pretende? Destruir a sociedade? Viver sem valores, sem regras, sem limites?  Eis as questões que precisam ser consideradas. 

Aborto, eutanásia, células embrionárias, liberdade sexual, liberdades civis. Geralmente esses temas são logo combatidos pelas religiões que pretendem parar o sol, com seus dogmas e falar em nome de Deus.

Os espíritas não têm por que temer debater essas reivindicações. Não se trata de aceitá-las ou negá-las simplesmente. Nem, muito menos, engrossar o protesto frágil das religiões. Devemos, com bom senso, aceitar o desafio, pois o progresso se faz sempre.

A sociedade materialista e também niilista, segue adiante.

Kardec disse que o Espiritismo “Não deve fechar as portas a nenhum progresso, sob pena de suicidar-se.” E adverte “Entretanto, embora seguindo o movimento progressista, é mister faze-lo com prudência e evitar entregar-se às cegas aos devaneios, utopias e novos sistemas. Importa faze-lo a tempo, nem muito cedo, nem muito tarde e com conhecimento de causa”.

Orientação mais segura e positiva impossível.

O Espiritismo tem base para uma nova visão de Deus e do ser humano. Mas precisa reelaborar algumas posições, que o afastam das aspirações mais legítimas.

Que será do mundo sem Deus?

Mas que Deus?

Estes textos parecem definir bem o que o Espiritismo pode afirmar:

“Deus tem as suas leis, que regulam todas as vossas ações. Se as violardes, a culpa é vossa. Sem dúvida, quando um homem comete um excesso, Deus não expende um julgamento contra ele, dizendo-lhe, por exemplo: tu és um glutão e eu te vou punir. Mas ele traçou um limite: as doenças e por vezes a morte são consequências dos excessos. Eis a punição: ela resulta da infração da lei.”

“A sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a cada um, porque assim cada um tem o mérito de suas obras.” (123).

 

Nota da Redação : Este artigo data de junho de 2007 não encontramos evidências de que tenha sido publicado anteriormente.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

XIII SBPE um sucesso de público e de conteúdo


XIII SBPE energias renovadas

Após 13 meses de intensa divulgação e preparação finalmente aconteceu o tão esperado Simpósio, de 25 a 27 de outubro,  reunindo 87 pessoas em 3 dias de intensa movimentação e aprofundamento doutrinário, com 12 trabalhos apresentados, com um grande espaço para perguntas, espaço para autógrafos, livraria, coquetel de abertura, coffe-brakes, finalizado com uma mesa redonda a respeito do importante tema de interesse dos livre pensadores que foi “A Divulgação de nossas ideias” com excelente participação do público.

Veja também as matérias sobre o 14° e 15° SBPE!


Durante o evento ocorreu também a Assembleia da Cepa-Brasil que elegeu para um mandato de 2 anos uma nova diretoria capitaneada por Homero Ward da Rosa que substitui a Alcione Moreno que esteve no cargo por brilhantes 4 anos.

Recepção:

Desde as 14 horas de sexta-feira já estávamos posicionados para receber os amigos e credenciá-los para o evento.


Abertura do evento

Na sexta-feira, dia 25 às 20:00 horas Alexandre Cardia Machado presidente do Instituto Cultural Kardecista de Santos faz uso da palavra, relatando o processo de desenvolvimento e preparação deste importante evento ao longo dos últimos 13 meses, falando sobre o prazer de planejar junto com toda a equipe do ICKS mais um evento desta magnitude, onde os apresentadores se inscrevem livremente e produzem um trabalho que é incorporado aos anais do SBPE.

Alexandre Cardia Machado

Trabalhos do primeiro dia

Foram apresentados, “Uma análise kardecista da desobediência civil” por Eugenio Lara e “O desenvolvimento do Espírito, até o surgimento da vida na Terra, uma hipótese livre pensadora Kardecista” apresentado por Alexandre Machado, coordenando a mesa Roberto Rufo.

Alexandre Cardia Machado - Eugenio Lara  - Roberto Rufo

Coquetel

Logo após a apresentação dos trabalhos acima referidos, todos os convidados foram convidados a descer até o refeitório onde foram servidos salgadinhos e bolo, numa grande confraternização.


Um sábado intenso

 As atividades retomaram às 9 horas da manhã, com o trabalho “O Livre Arbítrio e os seus inimigos” por Roberto Rufo e Silva e “Pesquisa Mediúnica sobre Reencarnação” apresentado pelo Grupo Espírita Livre Pensador que foi apresentado por Sirlei Chaves e Jaime Lara, coordenado por Valéria Régis e Silva.


Foto superior: Roberto Rufo - Jaime - Sirlei e Valéria
Foto inferior: Roberto Rufo - Jaime e Sirlei

Após o coffe-brake a segunda sessão da manhã contou com Herivelto Carvalho falando sobre “A Filosofia Espírita de Torres-Solanot” Espírita espanhol da virada do século XX e Beatriz Régis Machado, jovem da Mocidade Espírita Estudantes da Verdade do CEAK que apresentou o tema “Direito à Vida” na coordenação da mesa Bruna Régis Machado.

Herivelto - Beatriz - Bruna

Bruna Régis Machado

Herivelto Carvalho

Beatriz Régis Machado

Almoço

No intervalo do almoço, muitos foram ao Restaurante Caiçara que havia feito um convênio para o Simpósio, distante apenas duas quadras facilitando o deslocamento de todos.
Primeira sessão da tarde contou com Eugenio Lara e Ademar Chioro dos Reis que apresentaram respectivamente os trabalhos “ Os desertores de Kardec” e “Politicas publicas para  álcool e drogas e o papel dos espiritas” coordenando a mesa Rosana Régis e Oliveira.

Eugenio Lara

Ademar Arthur Chioro dos Reis
Rosana Régis e Oliveira


Livraria e Autógrafos

Neste Simpósio o ICKS montou uma livraria onde foram vendidos cerca de 50 livros e ou CDs de diversos autores, inclusive alguns deles presentes no evento. Houve neste intervalo da tarde um espaço destinado aos autógrafos, como este abaixo de Milton Medran Moreira com 3 títulos disponíveis a venda.

Milton Medran Moreira autografando



Bazar de Natal do Lar Veneranda

Já é uma tradição em nossos eventos a participação do Bazar Beneficente de Natal da Comunidade Assistencial Espírita Lar Veneranda, coordenado por Djorah Silva.


Djorah Silva - Nair

Trabalhos

Os últimos dois trabalhos apresentados no sábado, tiveram como foco a obra de Jaci Régis, os trabalhos “Pode o espiritismo ser considerado ciência da alma?  - Uma análise epistemológica da  proposta do pensador espírita Jaci Régis” desenvolvido pelo ICKS e apresentado por Cláudia Régis Machado e Valéria Régis e Silva. Em seguida “Jaci Régis e o Jardim de Epícuro” que Ricardo Nunes apresentou. Esta sessão foi coordenada por Beatriz Régis Machado.

Cláudia Régis - Valéria Régis

Ricardo Nunes

Equipe  do ICKS em ação

Cláudia - Mauricy -Valéria - roberto - Rosana e Camila
Yuri e João Conde recolhendo as perguntas



Assembléia da CepaBrasil

Foi realizada à partir das 19 horas a Assembleia Geral da Cepa-Brasil onde foi eleito Homero Ward da Rosa para o próximo biênio, substituindo a Alcione Moreno que deixa a presidência após 4 anos de mandato.

Alcione Moreno

Domingo – trabalho e muita discussão

No domingo tivemos uma sessão com mais dois trabalhos apresentados, seguido de uma mesa redonda onde foi discutido – Divulgação de nossas ideias.

Trabalhos

Alcione Moreno e Reinaldo Di Lucia desenvolveram dois interessantes trabalhos: “Sexualidade e Espiritismo” e Livre Arbítrio” respectivamente. Coordenou o trabalho Guilherme Régis e Silva

Alcione Moreno - Reinaldo di Luccia

Mesa Redonda

Curiosamente tivemos uma mesa redonda gaúcha formada por Alexandre Machado - presidente do ICKS, Homero Ward Rosa – presidente da CepaBrasil e por Milton Medran Moreira presidente do CCEPA que edita o Jornal Opinião, coordenou as discussões Cláudia Régis Machado.

Todas as sessões foram com muita participação da plateia com um número muito elevado de perguntas interessantíssimas.

Alexandre Machado - Homero Rosa - Milton Medran

Encerramento

Finalmente Alexandre Cardia Machado encerrou o Simpósio com elogio ao trabalho da Equipe do ICKS e amigos que muito fizeram para divulgar e apoiar o sucesso obtido no XIII SBPE.

Alexandre Machado

Participantes curtindo o sol na fachado do prédio 

Nazareh - Eugenio - Ivon Régis
Público


Convite para o XIV SBPE

Fica aqui expresso o convite para 2015, no mês de outubro estaremos realizando o XIV SBPE, posteriormente determinaremos a data.