Mostrando postagens com marcador Imprensa Espírita. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Imprensa Espírita. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Papel da imprensa espírita no mundo digital - por Alexandre Cardia Machado

 

Papel da imprensa espírita no mundo digital

 

O que a gente lê e vê molda o nosso pensamento e o nosso modo de viver – vide O dilema das redes socias e o espiritismo – editorial de outubro de 2020 disponível no blog do ICKS – 

link: https://www.blogger.com/blog/post/edit/8190435979242028935/2737864431208555629

Esta afirmativa já era válida antes da existência dos grandes algoritmos que se baseiam em nossas informações divulgadas como ou sem o nosso consentimento nas redes sociais.

O documentário “O dilema das redes” disponível na NETFLIX nos mostra que só dois tipos de atividades chamam seus clientes de usuários – o de informática e o de drogas ilícitas é uma frase de efeito, mas cada vez mais passamos mais tempo na frente das telinhas: TV a Cabo, Netflix, Celular, tablet, computador, notebook. Nos elevadores de prédios comerciais, nas salas de espera, nas padarias da moda, sempre tem alguém expondo um produto, uma ideia, uma notícia nas telinhas.

Estar informado, tudo bem, temos mesmo diversos interesses, o problema e daí o nome dilema é que os algoritmos sabem o que nos interessa e o que não nos interessa, o documentário é excelente em mostrar como isto é feito, e então acontece a mágica, ou melhor o ilusionismo, você gostaria de comprar um carro, pesquisa nos sites de classificados e de repente, começa a receber ofertas nas suas telas.

Prestar um serviço de qualidade aos nossos leitores deve ser a meta de qualquer órgão de imprensa, em nosso caso, nosso público-alvo eram os nossos assinantes, mas agora, com o Abertura digital isto ganha uma nova amplitude, estamos teoricamente sendo acessados por qualquer pessoa com um smartfone em qualquer parte do mundo que fale português.

Nosso coirmão o jornal Opinião do CCEPA, que já a algum tempo disponibilizava uma cópia eletrônica de seu jornal pela internet, tomou a decisão de ser 100% digital, também a partir de 2022.

Se fizermos sempre a mesma coisa, do mesmo jeito, no máximo obteremos o mesmo resultado, não melhoraremos, ainda que muitos prefiram o jornal impresso, já demonstramos que ecologicamente é vantajoso tê-lo digital, de qualquer forma aqueles que o desejarem, sempre poderão imprimir a sua cópia, faça um teste.  Siga a orientação disponível no jornal, baixe o jornal digital – colorido e imprima.

Aqui o grande passo que estamos dando de melhora é a maior penetração de nossas ideias. Nosso jornal sempre distribuiu cerca de 300 exemplares aos nossos maravilhosos assinantes. Disponibilizamos o acesso digital há dois meses, no momento via site da CEPA e já dobramos o número de leitores. Sem quase nenhuma ação de marketing.


Página da CEPA - Associação Espírita Internacional -onde é possível baixar o Abertura


As edições digitais, já nascem com esta facilidade de acesso, podemos armazenar e disponibilizar aos nossos leitores e ainda mais podemos saber quantas pessoas estão, por ação própria acessando o site e abrindo o jornal.

Voltando ao nosso papel como imprensa espírita:

O jornal em papel ou digital tem o papel importante de ser um marcador de tempo, um registro histórico, em nosso caso de uma visão espírita de algum fato de um acontecimento ou de uma movimentação social. Se alguém quiser saber como os espíritas se posicionaram com respeito a fatos como: Tsunami e tragédia nuclear de Fukushima, no Japão; sobre a invasão do Iraque no governo de Bush Filho; Crise econômica de 2008 e mais próxima a pandemia do Covid-19 como exemplos. O jornal sempre se posicionou.

Busco aqui um exemplo, entre os diversos que poderíamos escolher como um marcador de tempo: A crise econômica de 2008: ela começa à partir do estouro da bolha imobiliária nos EUA e afeta todo o mundo globalizado, nas palavras de Jaci Régis:

 “... O fato é que o capitalismo, o livre mercado, a auto regulação caíram e urgem novas medidas para garantir o equilíbrio necessário ao comércio internacional. Não apenas a competência, mas a moralidade continua sendo básica no trato das questões humanas e, inclusive, financeiras. A competência parece resolvida pelo menos em parte. A moralidade, contudo, sucumbe diante da ambição desmedida. ... Allan Kardec referindo-se à crise econômica de 1857, que assolou a França, reclamou da necessidade de emprego para que a dignidade humana fosse garantida pelo trabalho ...” Abertura janeiro /fevereiro 2009 – Coluna Problemas Sociais e Políticos.

Uma abordagem clara, referenciada em exemplos espíritas, sem emoção excessiva, faz parte do DNA deste jornal.

Fazer a observações das diversas tensões sociais porque o mundo e o Brasil passam sob a ótica espírita livre-pensadora como demonstrado acima é nosso papel como imprensa espírita.

Todos sabendo que um artigo sempre será um recorte, uma visão individual, no entanto confiamos que a pluralidade de visões que nossos articulistas possuem é o que nos permite ter a necessária abrangência, apresentando visões muitas vezes distintas para estes fatos.

Entre nós, os articulistas, existe uma grande amizade, consideração e respeito, somos amigos, mesmo que em muitos momentos tenhamos visões diferentes de um mesmo fato. Este é o grande mérito do Abertura. Podemos chamar isto de pluralidade visionária.

Não devemos usar o Abertura para doutrinar as pessoas a pensarem apenas de uma forma, nunca foi esta a proposta do Jornal.

Um jornal espírita tem ainda o papel de informar e divulgar eventos importantes, marcando e impulsionando a sua execução. É claro que agora outras mídias são mais efetivas, tais como Face book, LinkedIn, WhatsApp, mas o velho e conhecido cartaz e a divulgação nos meios tradicionais também tem o seu valor.

Nota: Artigo originalmente publicado na edição de agosto de 2021 do Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional

 

 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Onde Vamos? por Alexandre Cardia Machado


Onde vamos?

O mês de novembro nos trouxe algumas boas notícias no movimento espírita livre-pensador nas terras brasileiras e países vizinhos.  Tivemos a realização do I Fórum do Livre Pensar em São Paulo que acabou por ocorrer mais ou menos na mesma época em que antes realizávamos o SBPE, com características muito diferentes é claro, mas igualmente importante e produtivo.

Houve também uma iniciativa interessante de um grupo de espíritas brasileiros e argentinos que foram ao Uruguai e realizaram o Primeiro Encontro Espírita Uruguaio – Brasileiro.

O momento me inspirou a buscar alguns pensamentos de Ciro Pirondi que vou me apropriar.  Ciro escreveu logo após a desencarnação de Jaci Régis um texto afetivo e profundo sobre algumas de suas características, ao artigo denominou de – Jaci, Construtor de Barcos - que está disponível no Blog do ICKS. O texto foi originalmente publicado no Jornal ABERTURA de Janeiro - Fevereiro de 2011.

Fui buscar neste artigo a perspectiva de Ciro da importância da liderança, do sentido de direção que dirigentes espíritas precisam ter para manter os militantes focados no que realmente interessa. Assim se referia Pirondi:

“Jaci tem o sentido da direção, percepção dada a poucos. Uma espécie de norte interior.

“Esta clareza vezes é confundida com rigidez e intolerância. Nada mais normal para um dos maiores pensadores espíritas de vanguarda do século XX. Nos anos setenta (do século passado) o pensamento espírita estava estagnado. Alguns poucos – Herculano Pires, Deolindo Amorim – tentavam uma teoria filosófica para conciliar religião e ciência; revelações mediúnicas e pensamento crítico. Sem a metodologia acadêmica, natural dos dois outros grandes filósofos, Jaci chega com textos claros, diretos: fala da família, do casamento, de sexo e dos problemas cotidianos.

“Como um construtor de barco, sábio de seu ofício, mas cujo objetivo maior não é a construção da nau, mas a viagem, o processo no tempo, que ela proporciona: novas paisagens, outros hábitos, novos afetos, um olhar mais sensível e tolerante.”

Precisamos urgentemente definir que viagens faremos no ano 2020 e com que recursos.
Teremos uma grande oportunidade com a realização do XXIII Congresso Espírita da CEPA Internacional que será realizado em Salou na Catalunha, Espanha. Evento que tem como tema central: O Espiritismo ante os desafios humanos. E porque não - O espiritismo ante os desafios internos, pois temos problemas estruturais.

Nossa opção na CEPA é de não sermos formalmente ligados, funcionamos como grupos orgânicos com existência independente. Este modelo de grupos orgânicos por ser leve, é fácil de levar, como um barco pequeno muito manobrável. Mas como cada grupo, ou centro é totalmente independente, tende a cuidar de seus problemas locais que lhes parecem muito mais importantes do que trabalhar para coordenar ações nacionais e internacionais. 
Como boa convivência, isto funciona, mas é pouco produtivo, no sentido mais amplo de penetração de ideias e ações coordenadas. Precisamos de barcos maiores. Quem sabe deste congresso de 2020 possam sair alternativas efetivas de trabalho coordenado e que nos concentremos no que pode ser feito para superamos os desafios e aumentar a nosso impacto na sociedade.

Isto só será possível com interação, muita ação e comprometimento. Quando um movimento é ágil. Os espaços são ocupados.

Temos muitos construtores de barcos em nosso grupo, nos falta um censo de navegação conjunta, como se fossemos fazer uma navegação de longo curso, fazemos uma viagem aqui, outra ali, ... navegar é preciso ... já dizia Fernando Pessoa mas o que buscamos é a construção de um navio capaz de nos levar em uma travessia segura, que garanta a troca de ideias e que agregue todos os segmentos do livre pensar espírita. Se isto ocorrer estaremos dando os passos certos para o sucesso que buscamos.

Esta matéria saiu no Jornal Abertura de dezembro - quer ler clique abaixo:



Nota: Artigo originalmente publicado no Jornal Abertura de Santos.

Gostou? Você pode encontrar muito mais no Jornal Abertura – digital, totalmente gratuito.

Acesse: CEPA Internacional


terça-feira, 9 de outubro de 2018

A importância do Jornal Espírita Abertura – 31 anos influenciando o desenvolvimento do Espiritismo por Alexandre Cardia Machado


A importância do Abertura – 31 anos influenciando o desenvolvimento do Espiritismo


Se voltarmos no tempo, há 31 anos atrás, no mês de abril de 1987,  este jornal foi fundado com o objetivo de abrir um canal de comunicação para ideias espíritas não conservadoras, que tivessem como base o entendimento do Espiritismo como ciência, filosofia com consequências morias e não religioso.


Dedicou-se a criação e divulgação de eventos, coberturas jornalísiticas enfim uma série de ações que  hoje foram quase totalmente substituídas pelas midias eletrônicas, mas rápidas e que permitem a transmissão ao vivo e em cores.  Fotos videos ou transmissões ao vivo estão muito baratas, ou até mesmo sem custo algum.

Qual o nosso papel então nos dias atuais?

O que nos cabe é tratarmos os problemas socias, políticos e espirituais sob a ótica espírita, como se fossemos uma revista, com a reflexão que só o afastamento do fato diário permite.

Este tem sido o nosso foco. Contamos com articulistas que tem em comum o amor pelo Espiritismo moderno. Cada qual trás consigo visões de mundo um pouco distintas, o que permite uma pluralidade maior ao vaículo de comunicação.

Estamos na direção deste jornal há 8 anos, já produzimos 88 edições, após a desencarnação de Jaci Régis, ou 25% do total de edições do Abertura. Buscamos nos reinventar o tempo todo, a razão disto é que quase nada funciona do mesmo jeito que era em 1987.

Para dar uma ideia de como eram as coisas naquele tempo, eu, gaúcho e torcedor do Inter, para acompanhar o campeonato gaúcho, preciava subir no alto da Ilha Porchat, em São Vicente, para sintonizar a Rádio Gaúcha em ondas curtas, algo que parece, ao olharmos para trás, coisa do cinema em preto e branco.

Cláudia e eu casamos em 1985 e somente em 1989 conseguimos uma linha telefônica, isto porque antes mesmo de casarmos Cláudia já havia se inscrito na Telesp, para comprar uma linha, alguém hoje esperaria 4 anos por uma linha de telefone?

A comunicação entre amigos e colaboradores deste jornal que não viviam em Santos, era feita via carta. Estávamos vivendo o momento das diretas já. Na Europa a Alemanha estava dividida, desde o fim da segunda Guerra Mundial em Alemanha Ocidental e Oriental. Não havia ainda caído o muro de Berlim, cidade que estava dividida por um muro de 110 km de comprimento, acessada somente por via aérea, pois estava, o seu lado ocidental encrustrado em meio a Alemanha Oriental comunista. O mundo seguia em meio à Guerra Fria.

No campo da ciência espírita apostávamos nos avanços da psicobiofísica, por trás da cortina de Ferro, o que se demanstrou uma total ilusão. Os soviéticos faziam muita propaganda, mas de fato não estavam encontrando as respostas que buscavam, ou lhes interessavam.Quase 30 anos depois da queda a União Soviética, nada de prático surgiu, ou se apresentou neste campo do conhecimento.
Em 1988 tivemos a nossa atual constituição promulgada e agora, 30 anos passados, alguns de seus princípios ainda não foram regulamentados, mas muitos sim, temos o SUS – Sitema Único de Saúde, FGTS para empregados domésticos, estado laico, liberdade de crença e da imprensa, dentre muitos outros avanços.

O ICKS em 2017 apresentou um trabalho no 15° SBPE – Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita: Somos Progressistas? Que já divulgamos neste jornal, demonstrou como a visão espírita, ao menos em nosso grupo de ideal avançou, juntamente com o conjunto da sociedade emcampos de interesse como os direitos das mulheres, homossexuais, liberdade de gênero e muitos outros.

A sociedade está em constante mudanças, sempre haverão vanguardistas, excessos, reações, mas é o conjunto deste movimento que altera a legislação e por consequência, novos entendimentos socias são alcançados.

Como cada indivíduo tem uma história de vida, um trajeto familiar, cultural e também reencarnatório, teremos portanto pensamentos e ações distintas. Esta é a beleza da imortalidade dinâmica, conflitiva, litigante mas também transformadora.


terça-feira, 22 de maio de 2018

Jornal Abertura - Maio de 2018 - para que todos conheçam

Publicamos para que nossos blogueiros conheçam, se tiverem interesse em assinar o Jornal Impresso, entrem em contato conosco pelo email: ickardecista1@terra.com.br.

Se preferirem baixar o jornal agora disponível online:



Capa

página 1

Página 3

Página 4

Página 5

Página 6

Página 7

página 8

Desfrutem!








segunda-feira, 7 de maio de 2018

A verdade ilusória - por Alexandre Cardia Machado


A verdade ilusória - por Alexandre Cardia Machado

No mundo em que vivemos, onde somos bombardeados por todos os lados por fatos e versões, fica cada vez mais difícil diferenciar o que é verdade do que é informação enganosa (fake news).

Talvez o maior problema esteja relacionado à forma como imaginamos que a verdade seja, me explicando, idealizamos que exista uma e só uma verdade e que ela seja absoluta. Isto está no imaginário coletivo, impulsionado pelas religiões e milênios de tradição oral.

Trabalhamos  constantemente em resolução de problemas técnicos há pelo menos 8 anos. Realizamos análise de falhas e investigação de acidentes e posso afirmar: as coisas nunca são da maneira que uma pessoa relata ou imagina que passou, falhas, problemas, acidentes acontecem sempre onde multiplos fatores agem em conjunto.

Destes anos de investigação de acidentes, posso declarar quatro pontos fundamentais:

1.       Causa e efeito são a mesma coisa.
2.       Causa e efeito são parte de um contínuo infinito.
3.       Cada efeito tem pelo menos duas causas , quando não muito mais.
4.       Um efeito só acontece se suas causas existem no mesmo tempo e espaço.

No espiritismo estamos acostumados com esta questão de um contínuo infinito, até chegarmos ao ponto ontológico de que Deus é a causa primeira, mas esqueçamos isto um pouco e nos foquemos na forma como enxergamos as coisas.

Talvez o ponto que mais possa causar espanto é a afirmação de que causa e efeito são a mesma coisa, a explicação é simples: para sabermos se algo é causa ou consequência devemos perguntar por que? Sempre haverão duas respostas pelo menos, que serão duas causas, se perguntarmos mais uma vez a cada causa encontrada, haverão também pelo menos duas causas e assim por diante, ou seja a causa de um foi o efeito de outra causa.

Este Artigo foi publicado no jornal Abertura de abril de 2018 - disponível online no link abaixo:



Um exemplo bem claro: alguém foi ferido a bala: causa1 – condição existência de uma arma carregada, causa 2: alguém puxou o gatilho, as duas coisas precisam acontecer no mesmo tempo, um a condição ( arma carregada) e segundo a ação ( apertar o gatilho); Para entender o que aconteceu, precisamos perguntar novamente, por que a arma estava carregada (causa 3), por que alguém puxou o gatilho (causa 4). Uma vez respondido, vemos que a arma carregada é o efeito da causa 3 e assim por diante.

Todos nós vemos os fatos e as outras pessoas através de um filtro, filtro este criado através de longas existências, na nossa bagagem espiritual, a cada encarnação, temos a oportunidade de refinar este filtro, mas nossas idiossíncrasias estão aqui, nos acompanhando, no nosso caso, estão dando o contorno ao que estamos escrevendo. É parte do que somos. Temos a tendência de classificarmos as coisas que vemos em bem e mal, mais um exemplo: a leoa mata a gazela, pensamos a leoa é má, mas se observarmos a leoa irá alimentar a sua prole, para os leãozinhos a leoa é boa, pensem nisto.
Uma rede de televisão repete sempre uma frase “ a realidade (mostrada num documentário) é sempre um recorte, um filme não é uma vida é um retrato”. O testemunho de uma pessoa, com todo o valor que ele tem , é uma observação um recorte da realidade. Nem sempre esta observação é objetiva, os relatos em geral não se atem ao fato. São vistos sob uma lente própria e sob um ponto de vista pessoal.

É sempre útil e aconselhável seguirmos a tradição dos bons jornalístas, já que nos dias de hoje, todos nós temos o poder de divulgar rapidamente uma informação mas não agimos como jornalistas. Precisamos verificar se uma notícia que nos chega pode ser encontrada, comparada em várias fontes, antes de darmos uma opinião, para que nossa opinião seja a mais independente possível, com o menor viés opinatório possível.

Sendo então o acima afirmado uma teoria aceitável, como saber como agir, como inerpretar as informações que nos chegam? Primeiro é aceitar que a vida é assim mesmo e escolhermos o caminho do equilíbrio, ter mais dúvidas que certezas, pois a certeza cega e a dúvida nos faz pensar.
Em investigações, como por exemplo, acidentes de aviões, os investigadores levam em consideração todos os potenciais causadores de um resultado igual à queda do avião, analisam todos os testemunhos e dados disponíveis e uma vez que uma teoria é desenvolvida, testam a mesma em simuladores, para só então determinar as causas do acidente. Os investigadores não escrevem, no primeiro momento qual foi a causa, quem foi o culpado, primeiro é preciso entender o que aconteceu.
No nosso dia a dia, não fazemos isto, escutamos uma versão e se ela é simpática (bate com o que pensamos) em geral a adotamos. Com o advento das redes socias, muitas vezes replicamos, enviamos aos nossos amigos, tudo isto sem parar para pensar muito.

O que aconteceu nos EUA com o Facebook e a empresa de consultoria inglesa Cambridge Analythics, entra nesta conta, em uma eleição acirrada, só é preciso convencer alguns indecisos para vencer a eleição. O marketing explora os nossos gostos, hábitos, curiosidades, todas eles armazenadas nestas midias, e tentam nos convencer ou nos direcionar, mandam notícias boas daqueles que eles ajudam e ruíns dos que estão contra.

Portanto tenhamos atenção e  crítica sempre!


Alexandre Cardia Machado

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Desumanização do Espiritismo por Carol Régis di Lucia

Desumanização do Espiritismo?

Uma pessoa desencarna dentro das dependências da Federação Espírita do Estado de São Paulo e a família busca por informações com os dirigentes da casa. Segundo noticias, os responsáveis pela FEESP limitaram informações, dificultaram buscas e trataram friamente o caso, até encontrar, no banheiro, dois dias depois, o corpo do desaparecido, sendo obrigados a notificar os parentes para as devidas providências.  Alguns traços apontados como frieza no tratamento ao fato em si e à família, levaram a Jornalista Dora Incontri a escrever um pertinente relato sobre a “desumanização do espiritismo” (www.blogabpe.org).

Foi massacrada e ovacionada nas redes sociais, com recorde de leitura, reposts, compartilhamentos e comentários sobre o assunto, como não devia deixar de ser. Diante da repercussão, Dora  escreveu novo texto, tão brilhante quanto o primeiro, trazendo relatos semelhantes de falta de trato entre os Espiritas e, como não poderia deixar de ser, propostas de solução à questão.

Apontando as brigas por poder e a Institucionalização demasiada no movimento Espirita moderno – e não apenas na FEESP – como possíveis responsáveis pela postura observada em tantas casas, Dora expôs uma ferida velada, mas sentida por muitos. A mecanização no funcionamento das reuniões, as grades a cumprir, os trabalhos a entregar, os números a aumentar, as parcerias a fazer, os convidados obrigatórios a palestrar e tantas outras atividades “fordianas” que tomaram conta das rotinas nos centros, ocupou o lugar antes reservado à caridade, ao assistencialismo, ao abraço fraterno, ao conhecer os nomes e as famílias e as dores de cada freqüentador.

Discutir a “Desumanização do Espiritismo” deveria ser tão absurdamente redundante quanto ainda termos que falar em preconceito racial, em diferença entre sexos no mercado de trabalho, em aceitar ou não as opções sexuais – por nós há muito tempo defendido como assunto que já nem mereceria mais espaço, dada a obviedade humanística. É ultrajante saber que o Espiritismo está Desumano, uma vez que o objeto principal da doutrina Espírita é o Ser Humano, sua essência, encarnada ou desencarnada.

É percebida, em diferentes cidades e diferentes casas, uma necessidade geral da retomada de um Espiritismo próximo, pessoal, caridoso, que foi se distanciando há tempos, com a chegada de agendas lotadas de atualizações filosóficas – necessárias também – que, na verdade mesmo, resultaram em pouca mudança prática no Espiritismo. A era da atualização foi necessária, era preciso romper, foi preciso estabelecer novos horizontes. Mas pecamos em deixar em segundo plano o lado mais precioso da Doutrina: os Espíritas. Aqueles que sentam nos bancos em busca de algo: consolo, passe (chame como quiser), estudo, conversa, ouvir, ser ouvido, fazer parte, sentir-se integrante. E que estão a mercê de diretorias com metas a cumprir, prazos, planejamentos nem sempre alinhados aos interesses dos principais interessados: eles mesmos, os  próprios frequentadores.


Quantos de nós sabe os nomes dos novos freqüentadores, quantos filhos possuem, seus dramas pessoais, seus interesses a curto e médio prazo no centro? Quantos se preocuparam em ajudar, com pouco que seja, uma instituição assistencial necessitada – mas não aquela, que ajudamos sempre? Quanta ajuda, genuína, oferecemos àquele companheiro de casa que está desempregado, que perdeu um ente querido, que está doente? Estamos sabendo aproveitar o talento humano que passa pelos bancos espíritas, ou estamos apenas os direcionando para a reunião X, Y, Z de atendimento?  A desumanização ou humanização Espirita, não é lá, longe, na FEESP. É uma postura diária, no nosso centro, no nosso Eu. É o olhar o outro, mas, sobretudo, a si mesmo e perguntar onde foi parar aquele Espírita, de ideal, que fazia campanha assistencial, que era famoso por palestras cheias de compaixão e que abraçava, um a um, os companheiros de jornada.

Artigo originalmente publicado na edição de agosto de 2017 no jornal ABERTURA

domingo, 20 de agosto de 2017

A Lição Trump - por Alexandre Cardia Machado

A lição Trump
Até alguns meses atrás costumávamos pensar que países mais desenvolvidos tivessem instituições tradicionais, regras mais estáveis e, que grandes variações em suas políticas internas, ou externas, não ocorressem facilmente. Isto seria coisa de democracias mais recentes, como as do terceiro mundo.
Parece que o novo presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, quer mudar esta história, esta tradição. Trump, apoiado em uma proposta extremamente nacionalista que o levou ao poder, vai testar os limites das relações internacionais. Demonstra estar disposto a implantar, e rapidamente, sua plataforma de campanha.

Trump acredita que possa desfazer as engrenagens da globalização, sendo o mais curioso nisso tudo, que justamente os EUA eram, até o momento, seus maiores impulsionadores.

Será possível que ele obtenha o sucesso pretendido? Acreditamos que não, mas que essas ações gerarão conflitos comerciais, atritos em áreas que estavam estabilizadas e uma grande inquietação no mundo todo, não há dúvidas.

Até a que ponto isto irá afetar cada um de nós? Muito difícil prever, mas acende ainda mais o alarme de que o nosso voto é um bem importante e de maior valor em uma democracia. Trump foi eleito, não pela maioria dos eleitores, pois o processo americano não é baseado no voto direto, mas assim mesmo legitimado pela constituição americana e praticado há mais de 200 anos. Portanto, nunca pensem que seu voto não vale nada, pois vale sim. Se não votarmos no que nos parece o melhor, ou o que menos problemas poderá gerar, um pior ainda será eleito.

Desde a definição de sua vitória as reações já começaram a acontecer, passeatas, movimento à favor da mulher e outros, nos EUA, mas logo após a sua posse,  Trump demonstra que vai mesmo fazer o possível para que sua plataforma seja implementada e rapidamente. Acabando com a ilusão de alguns, de que muito de sua campanha era apenas retórica.

O certo é que os EUA serão uma pedra no sapato, para todos os países, nos próximos 4 anos. Nada que já não sejam hoje a China ou a Rússia. A diferença é que os EUA possui a maior máquina de guerra do planeta. Se olharmos para a história, veremos que este detalhe é um trunfo importante. O Presidente J.W. Bush desafiou o mundo todo, o Conselho de Segurança da ONU e invadiu o Iraque, sabemos bem que se os EUA decidirem agir, nada os pode impedir.

O Espiritismo propõe a existência de um mundo aberto, onde o direito à liberdade seja uma premissa central, consideramos como uma lei Natural. Claro que não há liberdade plena em lugar algum, outro que não seja em pensamento. Temos países, fronteiras, cercas, regras, religiões e sistemas políticos que nos impingem barreiras.

As Trincheiras de Trump:
·         Não à imigração clandestina ou indesejada:
o   Determinou o início da construção do muro entre os EUA e o México, quer que o México pague a conta;
·         Empregos para os americanos:
o   Pressiona a Ford a não construir uma nova fábrica de motores no México, ameaçando sobretaxar estes motores em 60% na importação aos EUA;
·         Alianças estratégicas em cheque:
o   Assinou uma “Executive Order -EO” ( Uma espécie de Medida Provisória) cancelando a Aliança de Livre-comérico do Pacífico;
·         Não será o Xerife do planeta de graça:
o   Trump espera que países aliados invistam mais em defesa, aliviando a conta paga hoje pelos EUA;
·         Não receber muçulmanos refugiados:
o   No dia 27 de Janeiro, Trump assinou uma “Executive Order”, proibindo a entrada de cidadãos provenientes de 7 países árabes ( Síria, Iêmen, Sudão, Somália, Iraque, irã e Líbia) por 90 dias. Vários juízes Federais emitiram efeito suspensivo em alguns aspectos do EO. Esta iniciativa levou várias lideranças políticas mundias a reagir, pois não existe uma justificativa diplomática para exclusão de pessoas, apenas por terem nascido em um determinado país.

Estas ações lembram países ditatoriais, não de uma páis que se auto denomina – líder do mundo livre.
Entramos em um novo capítulo de nossa história contemporânea, só o tempo dirá como sairemos da era Trump. Pelo menos em um país como os EUA, o juduciário é livre e as ações do presidente podem ser barradas no Congresso, que mesmo tendo maioria Republicana, partido do presidente, pode contestar alguns de seus atos, pois comprometem ideais democráticos e republicanos do país.

Artigo publicado no Jornal Abertura em Janeiro/Fevereiro de 2017.


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Entrevista com Jaci Régis - Blog Observador Espírita

Texto obtido no blog – Observador Espírita de Delmo Duque dos Santos autor do livro Nova História do Espiritismo. A ele Jaci deu uma entrevista por telefone em 2010, que aqui publicamos inteiramente.

“Para os novos simpatizantes e pesquisadores do Espiritismo, o psicólogo e escritor Jaci Régis realmente não dispensa apresentações. Ativista histórico, começou no movimento espírita liderando a mocidade Estudantes da Verdade, cuja primeira empreitada foi mudar o nome da casa que frequentavam: saiu o Centro Beneficente Evangélico e nasceu o Centro Espírita Allan Kardec, até hoje em funcionamento. Jornalista sindicalizado, editou durante muitos anos o periódico Espiritismo e Unificação, mudado nos anos 1980 para o provocativo nome “Abertura”. Criado na onda da redemocratização do País, o jornal continua ativo e sempre aberto aos novos articulistas. ... Sua trajetória jamais deixará de ser associada ao chamado Grupo de Santos, formado por pensadores de vários lugares do Brasil e da América Latina que enxergam o Espiritismo de uma forma bem diferente daquilo que é praticado pela maioria dos espíritas. É o espiritismo laico, não religioso, voltado para as questões sociais e cotidianas e não somente para os problemas espirituais. Só esses dois adjetivos são suficientes para avaliar as repercussões e o incômodo que ele causa entre os espíritas tradicionais.

Mas Jaci não é nada daquilo que pintam sobre ele, sobretudo o líder radical e intolerante desenhado pelos que se sentem inseguros e impotentes diante de suas idéias e da coragem de divergir da maioria. É uma pessoa fraterna, muito franca, bem-humorada, sensível, enfim, um típico espírita que convence mais pela forma como age do que propriamente pelo que pensa. Ele sua esposa Palmira , com a ajuda dos filhos e de alguns amigos, dirigem há muitos anos o Lar Veneranda e mais recentemente o Instituto Cultural Kardecista , dois espaços muito conhecidos em Santos. O Lar é uma típica obra social espírita, da qual Jaci sempre diz que é simples obrigação de cidadão: “Não me sinto nada caridoso fazendo isso”. Já o ICKS é trabalho de prazer e combate ideológico, espaço de cultura, de agitação e realização de eventos, principalmente o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita.Também nos concedeu uma interessante entrevista sobre todas essas coisas a seu respeito e também sobre a sua última novidade. ”

OE - A religião continua sendo um equívoco dentro do movimento espírita? 

JR - Sem dúvida. Na medida e que o Espiritismo se torna uma religião, perde a flexibilidade evolutiva que lhe caracteriza a estrutura criada por Allan Kardec. A religião, por definição, apóia-se em verdades absolutas e por afirmações dogmáticas. 

OE- Por que os espíritas têm tanta dificuldade para romper com os laços religiosos e cultivar uma religiosidade mais natural? 

JR - Devemos ter em mente que as estruturas religiosas se sedimentaram em nossa mente através das reencarnações. Romper com elas é tarefa de reflexão, meditação, raciocínio e decisão. Isso acontece quando a pessoa consegue superar o medo de ficar desamparada pelo divino e compreende que o divino se manifesta diariamente na vida de todos. 

OE- Você acredita que Kardec estranharia o atual movimento espírita no Brasil? 

JR -Creio que sim, porque a forma como foi desenvolvido o Espiritismo no Brasil contraria a linha que ele adotou na criação da doutrina. 

OE- Queiram ou não queiram os antipáticos, o chamado Grupo de Santos formou escola e já entrou para a história do movimento espírita. Como você vê tudo isso? 

JR -O “grupo de Santos” do qual eu fui o principal articulador, teve a coragem, no seu tempo, de apresentar uma visão dinâmica da doutrina em contraposição ao esquema montado por pessoas e Espíritos ligados umbilicalmente ao sentido cristão da vida. 

OE- Você sempre foi muito crítico ao perfil doutrinário da FEB e de outras entidades federativas. Houve alguma mudança na sua opinião? 

JR -A FEB é uma instituição respeitável e lidera a maior parte do movimento espírita. A ela estão ligados os representantes dos centros e federações. Entretanto, desde sua fundação ela seguiu um caminho próprio, diferente do preconizado por Kardec. Esse caminho compreendeu um extremo sentido religioso, místico e até aceitando as teses de Roustaing. Ultimamente se tornou menos inflexível, mas prossegue na sua intenção de liderar o movimento espírita mundial, na feição de corrente evangélico-mediúnica. 

OE- A CEPA é realmente uma alternativa crescente no movimento espírita? 

JR- A CEPA pode se tornar uma alternativa positiva ao Espiritismo mundial, na media que se espalha não apenas na América, mas também na Europa. É numericamente pequena, mas reúne um grupo de espíritas que possui gabarito intelectual para disseminar uma forma de entender o Espiritismo adequado ao progresso e à realidade social. Para isso, contudo, é necessário definir claramente seus objetivos e trabalhar por eles. 

OE- E sobre as práticas espíritas, você considera o passe uma autêntica atividade espírita? 

JR - Hoje em dia se diz aplicação ou transmissão energética, por ser mais adequada ao processo de transmissão de energia humana e magnética. Não se trata de uma prática genuinamente espírita, mas oriunda do magnetismo. Penso que é útil e efetiva quando aplicada de forma consciente e fraterna, sem considerá-la uma panacéia. 

OE- Por que você passou a utilizara expressão “kardecista”, não bastava apenas “espírita”?
JR -Entre as muitas deturpações a que o Espiritismo tem sofrido, incluímos a apropriação de desvio do significado dos termos “espiritismo” e “espírita”. Correntes esotéricas e de base dos cultos africanos se auto denominaram espíritas e as ousadias de dirigentes de centros que se intitulam espíritas criando “doutrinas próprias”, tornou o ambiente confuso, de modo que a palavra “espírita” não significa necessariamente o que Allan Kardec criou. Por isso, acreditamos que a palavra “kardecista” oferece uma apropriada denominação ao esforço que temos feito de reescrever o pensamento de Allan Kardec, adequando-o ao processo evolutivo das idéias e da humanidade. Daí crermos que “kardecista” refere-se mais especificamente ao trabalho original de Allan Kardec, delimitando nosso espaço e definindo nossos propósitos. Certamente jamais a palavra “espírita” será substituída por ter sido criada por Kardec, mas “kardecista” está diretamente ligada ao criador da doutrina. 





OE- Ser kardecista hoje significa ser fiel, sectário e até fanático em algumas situações e agremiações espíritas. O que está acontecendo? 

JR - Ser kardecista é ter conseguido livrar-se dos condicionamentos sectários e ter um novo pensar, dinâmico e reflexivo sobre os problemas humanos, a partir dos enunciados iniciais de Allan Kardec.
OE- Finalmente, o que está desatualizado: Kardec ou o Espiritismo? Kardec é necessariamente sempre sinônimo de Espiritismo? 

JR - Kardec é o criador do Espiritismo. Daí ser a raiz do pensamento espírita agora e sempre. Mas ele deixou claro um caminho de evolução e aperfeiçoamento do corpo doutrinário. Sendo como foi um homem atual, moderno e um pensador sábio, ao constatar que o Espiritismo seria ultrapassado se fosse uma religião ou tentasse ter as respostas absolutas para os problemas da pessoa humana com os conhecimentos de sua época. Por isso, deixou claro que o Espiritismo evoluiria ou morreria. A “morte” do Espiritismo não se dará por desaparecer, mas por perder seu significado progressivo e progressista e quando não puder oferecer ao ser humano uma reflexão cabível e atual sobre si mesmo e seu futuro”.

NR1: Para conhecer o blog Observador Espírita digite: http://observadorespirita.blogspot.com.br/

NR2: Se você quiser conhecer quem foi Jaci Régis: http://icksantos.blogspot.com.br/2011/10/jaci-regis-bibliografia.html?_sm_au_=iMH10HsW67SnZngR 


domingo, 9 de outubro de 2016

Força Estranha, paródia espírita - por Alexandre Cardia Machado

Outro dia conversando com um amigo e assinante de nosso jornal, ele me comentava “nossa, como o Abertura ficou político, depois que você assumiu a redação do jornal!” bem, rebati que esta sempre havia sido a conduta do Abertura e que Jaci Régis não deixava passar questões de política que afetassem a todos os brasileiros. Ele sempre buscava dar um enfoque espírita aos fatos, o que normalmente recaía na questão moral.

Meu interlocutor não se deu por satisfeito e reafirmou, “Não. Está mais acalorado!” no que lhe respondi, é que a discussão política está mesmo mais acalorada, em todos os círculos de relacionamento, mas que nosso jornal abre espaço para todos que tratem do assunto, sob a ótica espírita, está no DNA do jornal que, como já afirmamos antes, nasceu na onda da “abertura política” no período final da ditadura militar.

Resolvi, pesquisar e tomei como base as últimas 12 edições do jornal e comparei com as últimas 12 publicações feitas por Régis. O placar foi 18 x 10, ou seja, realmente estamos dando mais importância às questões políticas seis anos depois, contra fatos não há argumentos. Mas qual o porquê disto é que importa? 

Creio que a resposta passa pela mudança que o país sofreu nestes 5 a 6 anos, saímos da “marolinha” e entramos num “tsunami”  econômico, evidentemente que num ambiente deste questões econômicas, políticas e eleitorais ficaram mais acirradas. Nestes seis anos passamos pelo julgamento do mensalão e mais recentemente atingiu a todos a Lava Jato, como exemplo de uma série de operações em andamento pela Polícia Federal. Culminou com a conclusão do Impeachment da Presidente Dilma Rousseff às 13:35 horas do dia 31 de agosto.

Esta é a função de um jornal, interagir com a sociedade, mantendo-se afastado do partidarismo, como deve ser um jornal independente, buscamos ter credibilidade naquilo que é editoriado no jornal, claro que um redator tem pensamento próprio, mas tem o dever de moderá-lo abrindo o espaço ao diálogo, como deve ser a característica do “Homem de Bem” como bem nos ensinaram Kardec e os espíritos que lhe responderam para a elaboração do Livro dos Espíritos.

Kardec, ao tratar das perfeições morais acrescenta uma importante contribuição que cabe bem ao momento, que de certa forma explica a luta pelo quê cada um acredita, e que muitas vezes não paramos para pensar no que realmente nos motiva:

 “ O homem deseja ser feliz e natural é o sentimento que dá orígem a esse desejo. Por isso é que trabalha incessantemente para melhorar a sua posição na Terra, que pesquisa as causas de seus males, para remediá-los. Quando compreender bem que no egoísmo reside uma dessas causas, a que gera o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que cada momento o magoam, a que perturba todas as relações socias, provoca dissensões, aniqulia a confiança, a que o obriga a se manter constantemente na defensiva contra o seu vizinho, enfim a que do amigo faz inimigo, ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua felicidadee, podemos mesmo acrescentar, com a sua própria segurança.”

No período mais calmo que vivíamos há 6 anos, contávamos com a presença física de Jaci Régis que produzía combativos editoriais contra os desvios do movimento espírita religioso. Nosso grupo de articulistas não tem buscado esta confrontação, pois se foca mais no rumo que tomamos enquanto sociedade e como espíritas livre-pensadores. É nossa função discutir aspectos da vida social que a tantos afeta.

Por isso uma força nos leva a escrever, por isso uma força nos leva a tratar mais de política, por isso uma força estranha nos mobiliza, por isso é que escrevemos, mas é também por isso que, mesmo tratando disso, deste tereno árido, buscamos manter a harmonia, pois todos nós pensamos de maneira diferente,  como articulistas temos posições distintas. Por isso é que mostramos várias abordagens.
Por isso que completo este artigo publicando a letra da música de Caetano Veloso, que certamente não tem a mesma visão de mundo que eu, mas que busca pelo caminho da poesia atingir o coração de todos nós, por isso é que todos nós buscamos o Sol sobre a estrada.

  • ·         Eu vi um menino correndo /Eu vi o tempo brincando ao redor /Do caminho daquele menino /
  • ·         Eu pus os meus pés no riacho /E acho que nunca os tirei /O sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei
  • ·         Eu vi a mulher preparando outra pessoa / O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga / A vida é amiga da arte / É a parte que o sol me ensinou /O sol que atravessa essa estrada que nunca passou
  • ·         Por isso uma força me leva a cantar /Por isso essa força estranha /Por isso é que eu canto, não posso parar /Por isso essa voz tamanha
  • ·         Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista / O tempo não para e no entanto ele nunca envelhece /Aquele que conhece o jogo, do fogo das coisas que são / É o sol, é a estrada, é o tempo, é o pé e é o chão
  • ·         Eu vi muitos homens brigando, ouvi seus gritos / Estive no fundo de cada vontade encoberta /E a coisa mais certa de todas as coisas /Não vale um caminho sob o sol / E o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol


É isso, e por isso que escrevemos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Comunismo - Uma experiência macabra do século XX - uma análise Espírita - por Roberto Rufo



“Comunismo é uma religião igualzinha às outras. Pra quem acredita, não precisa explicação. Pra quem não acredita, não adianta explicação“ Millôr Fernandes 
“ Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas“ Lênin


Daqui há dois anos, ou seja, em 2017, mais especificamente em outubro fará 100 anos da instalação do primeiro regime comunista baseado na doutrina do pensador alemão Karl Marx. Na Rússia de Lênin e seus partidários bolcheviques foi estabelecida a famigerada “ditadura do proletariado“. Na verdade foi o primeiro sistema econômico a desafiar o capitalismo. A tal ditadura citada foi implementada a custo de milhões de vítimas entre seus opositores. Esse regime sucedia a outro regime muito corrupto e despótico dominado pelos czares. Stalin, que sucedeu a Lênin, não mediu esforços para exportar a ideologia mundo afora, chegando num determinado momento do século XX a contaminar um terço do planeta.    
      
O seu ideal de igualdade, temos que admitir, era apaixonante, a tal ponto que um grande número de intelectuais da época se entregaram de corpo e alma em sua defesa. Sempre digo que o problema dos intelectuais não é no atacado, onde geralmente são muito úteis; trata-se do varejo, onde tomam posições muitas vezes delirantes. Martin Heidegger, Céline, Ezra Pound, Le Corbisier abraçaram o fascismo e ou o nazismo com muita satisfação. Até mesmo um intelectual do porte de Noam Chomsky, que admiro pelas críticas pertinentes que faz ao comportamento indecente dos EUA em suas guerras estúpidas, não se sentiu nem um pouco constrangido em elogiar o regime do Kmer Vermelho no Camboja. Hoje alega não ter conhecimento prévio do número de assassinatos cometidos pelo ditador Pol Pot. Não acredito nessa desculpa insustentável,  pois repito, os intelectuais no varejo costumam ser um grande desastre.

Quanto ao Manifesto Comunista de 1848,  Allan Kardec, nos poucos comentários que fez sobre o assunto,   enxergou nele o perigo do coletivismo ante a necessidade da evolução espiritual de cada espírito em particular.   O ideal socialista não estava preocupado com esse assunto, pois se preconizava ateu. Fosse o Espiritismo uma doutrina consolidada plenamente em 1917 quando eclode a revolução comunista na Rússia, teria necessariamente que se opor ao controle absoluto de todos os aspectos da vida individual e coletiva pelo Estado. O livre-arbítrio estaria correndo riscos, como acabou se comprovando com a sustentação pela força dos regimes do Leste Europeu. Essa ideologia se espalhou pela China com Mao Tsé-Tung instaurando um regime sustentado por um grande terror político.



 Foto de Roberto Rufo no XIX SBPE em Santos - SP

Tive um colega pertencente ao PCdoB, que ao contra argumentar os números por mim apresentados de vítimas da coletivização forçada na União Soviética (cerca de 20 milhões de pessoas), dizia serem “apenas“  4 milhões, ou seja, julgava ele ser este um número aceitável de vítimas. É risível.  Convivi muitos anos com um tio comunista, irmão do meu pai, que colocado diante de qualquer argumento do gênero, se saía com aquela famosa frase que não serve pra nada: “o seu discurso é de pequeno burguês“. Sabe-se lá o que quer dizer isso.

Ou quando o pensador Luckácz apresentado ao existencialismo de Albert Camus afirmou: “essa corrente filosófica está a serviço da ideologia capitalista“. Eles se julgavam os donos do modus operandi da  história. Eu sempre considerei um grande embuste que exista uma razão histórica, ou um determinismo espiritual que fará com que as coisas aconteçam independentes da nossa vontade.
Vejo hoje que existiram na história da humanidade dois grandes sonhadores em se tratando de como deva ser o comportamento ideal das pessoas numa sociedade. São eles Jesus e Karl Marx. O problema maior não são os sonhadores e sim seus discípulos e seguidores, que não são sonhadores. Como diz um personagem do último livro de Amós Oz – Judas - os discípulos e seguidores são ávidos de poder e autoridade. Que o digam os que quiseram implantar o cristianismo à força e os cúmplices que julgavam ser o comunismo uma doutrina científica infalível. Os discípulos e seguidores se transformaram em derramadores de sangue.

Uns diziam falar em nome de Deus. E quem é que pode ser contra Deus? Outros diziam falar em nome do povo. E quem é que pode ser contra o povo? O Espiritismo apresenta uma serenidade no trato das coisas humanas muito peculiar e profundamente humanista, o que o diferencia sobremaneira de qualquer corrente ideológica onde o ser humano é desprezível diante de um futuro radiante no paraíso ou para a coletividade.

Concluo que hoje, como regime político, a ideologia comunista é um defunto a ser enterrado pela história. Ou numa frase bem humorada do meu guru Millôr Fernandes: “a diferença entre o capitalismo selvagem e o comunismo, é que um é a exploração do homem pelo homem e o outro é o contrário“.

NR - Publicado originalmente no Jornal Abertura de Setembro de 2015
                                                                                                                                                                    


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A importancia da imprensa espírita - por Alexandre Cardia Machado

A importancia da imprensa espírita

Imprensa pode ser definida como qualquer veículo de comunicação que exerce o jornalismo e outras funções de comunicação informativa. O nome imprensa todos sabem vem da prensa de Guttemberg que no século XV causou uma das maiores revoluções da história da humanidade, o acesso generalizado da população aos livros, aos jornais e por assim dizer ao conhecimento.

No século XIX o poder do jornalismo independente já se fazia presente, tendo sido desde então considerado como o quarto poder, por ser um instrumento de denúncia de abuso de poder nos regimes democráticos, uma vez que nos regimes políticos não democráticos a imprensa livre é o primeiro alvo dos poderosos, passando a servir unicamente como instrumento de propaganda destes regimes ditatoriais.

IMPRENSA ESPÍRITA

Allan Kardec ciente da importância de uma boa comunicação, logo após o sucesso impressionante causado pelo Livro dos Espíritos – 1ª edição e subsequentes em 1857, já em janeiro de 1858 lança a Revista Espírita. Foram 12 anos ininterruptos sob a redação  de Allan Kardec. A Revista Espírita ainda foi publicada sob o comando de Amelie Boudet. Vipuva de Allan Kardec.  

O ABERTURA mantém uma coluna assinada por Egydio Régis que  nesta edição atinge a 58ª publicação, a coluna de Régis demonstra cabalmente a importância e a profundidade da abordagem  kardecista naquele período inicial do Espiritismo. A Revista Espírita contribuiu muito para a caracterização do Espiritismo Francês.

No Brasil, e em especial em São Paulo existem cerca de 100 jornais e revistas espíritas que certamente seguem o caminho traçado por Allan Kardec, segundo Wilson Garcia, a totalidade das tiragens atingiriam 80.000 exemplares. Comparados ao censo nacional do IBGE este número de leitores é muito pequeno, cerca de 7% apenas dos Espíritas de São Paulo tem acesso a algum destes veículos, podemos e devemos aumentar esta penetração.

JORNAL ABERTURA

O nosso ABERTURA surge no cenário em 1987, logo após a diáspora havida no movimento de Unificação em São Paulo, quando um grande número de organizações espírtas são afastadas da USE e terminam por juntar-se à CEPA. O ABERTURA sob a batuta de Jaci Régis, por 277 meses esteve atento ao movimento espírita e às questões mais relevantes no Brasil e no mundo, sendo um sentinela pronto a soar o alarme cada vez que algum abuso contra a sociedade era cometido.

Acreditamos que o Jornal Espírita tem sim a responsabilidade de discutir as questões fundamentais da sociedade, à luz do Espiritismo, provocando o diálogo e buscando que seus leitores reflitam, não cabe, nos dias de hoje, tratar um jornal apenas como instrumento de moralização ou como a maioria dos veículos espíritas paulistas como um instrumento de evangelização. Este papel cabe ao Centro Espírita conforme suas convicções, a imprensa deve ser e será sempre livre, para exercer o 4º poder.

Já pensou em fazer uma assinatura do ABERTURA.